quarta-feira, 4 de maio de 2011

Sexo frágil? !


                          O Censo 2010 mostra que existem 96 homens para cada 100 mulheres no
Brasil. Em 2000, eram 96,9. O excesso de mulheres fica mais significativo
quando se considera que, na espécie humana, nascem 105 meninos para cada
100 meninas.
A conclusão é que eles morrem mais do que elas. Por que isso acontece é um
mistério. O fenômeno é intuitivo em algumas faixas etárias: são os
rapazes, afinal, que gostam de exibir-se para elas acelerando seus carros,
envolvendo-se em gangues e metendo-se com drogas.
Só que o excedente de óbitos masculinos começa antes mesmo do nascimento e
se estende por toda a vida. Entre bebês prematuros, os do sexo feminino
têm 1,7 vezes mais chance de sobreviver.
Fetos do sexo masculino parecem ser mais sensíveis até a poluição.
Demógrafos descobriram que, a jusante de polos industriais, nascem menos
meninos que meninas.
Um estudo seminal sobre resiliência que acompanhou por 20 anos 700
crianças pobres no Havaí revelou que mais da metade dos garotos morreu
ainda na infância, contra menos de 1/5 das moças.
Por que a diferença? Não sabemos. Mas, como diz a psicóloga Susan Pinker
em "The Sexual Paradox", podemos especular. Uma possibilidade é que
mulheres, por terem duas cópias do cromossomo X, ficam mais protegidas
contra algumas moléstias genéticas.
Os hormônios masculinos também têm um papel. De um lado, eles favorecem a
agressividade e o apetite pelo risco, com as conhecidas consequências. De
outro, a testosterona parece afetar o sistema imune. A prevalência
masculina é maior para uma série de doenças, de câncer a infecções
hospitalares.
Sejam quais forem os mecanismos, há uma razão evolutiva para a fragilidade
masculina. Em nosso passado darwiniano, a morte precoce da mãe
frequentemente implicava a morte da prole. Já a do pai, não. Elas é que
foram selecionadas para ser o verdadeiro sexo forte.